Representantes dos empregados cobram da Caixa PQV sem punição
Nesta sexta-feira (19), em Brasília, durante negociação com representantes da Caixa Econômica Federal, a Comissão Executiva dos Empregados (CEE) cobrou a imediata exclusão do caráter punitivo do Programa de Qualidade de Vendas (PQV), cuja nova versão divulgada recentemente pelo banco pune empregados por cancelamentos de vendas de produtos.
A reunião contou com a presença do vice-presidente de Gestão de Pessoas, Sérgio Mendonça. Esse fato ganha importância histórica, pois a retomada da Vipes no âmbito do banco público, que havia sido extinta no primeiro semestre de 2021, ainda sob a gestão de Pedro Guimarães, ocorreu a partir de uma reivindicação dos empregados. O movimento sindical bancário sempre defendeu a necessidade de uma área específica de gestão de pessoas, considerada imprescindível não só para o processo de reconstrução da Caixa que o Brasil precisa, mas também para o cuidado com os trabalhadores.
Na abertura da rodada desta sexta-feira, foi ressaltada a importância da mesa de negociação, assim como a necessidade desse fórum ser o canal de debate e diálogo entre empregados e banco.
A representação dos empregados foi unânime em condenar o Programa de Qualidade de Vendas, classificado de inaceitável. “Somos totalmente contrários ao PQV, pois não resolve a situação de uma venda malfeita. O problema não é a venda e sim o que motivou para que essa comercialização fosse feita dessa forma. As metas colocadas são desumanas. É preciso acabar com a cultura do assédio e, antes de tudo, oferecer treinamentos adequados aos empregados. Além disso, é urgente a contratação de novos empregados para aliviar a sobrecarga de colegas”, afirmou Fabiana Uehara Proscholdt, coordenadora da CEE/Caixa.
Na reunião com a Caixa, a Comissão Executiva dos Empregados defendeu que as empregadas e os empregados não podem ser punidos pelo fato de clientes cancelarem produtos seguindo orientação enviada pelo próprio banco. Foi dito, inclusive, não haver motivo para proibir os trabalhadores de participarem de Processos de Seleção Interna (PSI) e muito menos usar de ameaças para intimidar os bancários da rede, como sugere a proposta do PQV apresentada pelo banco.
Para os representantes dos trabalhadores, os problemas registrados nas agências e outras unidades da Caixa seguem na linha de retrocesso desenfreado, e isso é inadmissível. Para a CEE/Caixa, o mais urgente no momento é atacar o problema do assédio e as metas desumanas. “Para a reconstrução da Caixa que o Brasil precisa, a medida de gestão mais emergencial é o respeito e a valorização do corpo funcional do banco. A gestão tem que, de fato, ser humanizada”, lembrou Fabiana Uehara.
Em relação à questão do assédio moral e sexual, especificamente, os dirigentes cobraram um espaço específico para tratar do tema que atinge hoje a imagem do banco público e é causa de grande parte do adoecimento de empregadas e de empregados. Foi cobrado também, na ocasião, o fechamento de um calendário de negociações, com cronograma de debates para que as reivindicações da categoria avancem no rumo de propostas minimamente decentes. Isso, segundo a representação dos empregados, irá fortalecer o DNA público e social da Caixa.
Outros itens
O encontro tratou ainda de questões relacionadas com condições de trabalho. Na ocasião, os representantes dos empregados lembraram a necessidade de avanços nas reivindicações apresentadas pelos trabalhadores. É urgente a adoção de medidas que viabilizem a solução de problemas estruturais deixados pelas últimas gestões da Caixa. Fatiamento do banco em subsidiárias, sucateamento das áreas de infraestrutura e dos equipamentos e mobiliários são “entulhos autoritários” que precisam ser revistos com a urgência que o momento requer.
A representação dos empregados reivindicou ainda os seguintes itens: fim do teto de gasto do Saúde Caixa, valorização da Universidade Caixa com volta dos cursos presenciais na jornada de trabalho, processos seletivos internos transparentes, democráticos e abertos a todos, home office com cumprimento efetivo da legislação de priorizar PCD, além de pais e mães de PCD’s, jornada reduzida para os pais de filhos PCDs, rediscussão do PCS, volta das Gipes com descentralização – uma por estado e fim das funções por minuto, com efetivação dos empregados que executam hoje essas atividades. Duas outras questões foram igualmente reivindicadas: necessidade de reparações aos empregados perseguidos na gestão anterior e fim do banco de horas negativo, com dotação orçamentária para as horas extras.
Vice-presidente de Pessoas se pronuncia
No fim do encontro, depois de ouvir as demandas apresentadas pelos representantes dos empregados, Sérgio Mendonça ressaltou a importância da Caixa, “uma espécie de joia da coroa do Brasil, por ser um banco público muito relevante em termos sociais e econômicos”. O vice-presidente de Pessoas reiterou que o compromisso da atual gestão do banco é de diálogo permanente com as empregadas e os empregados, para evitar que saiam programas sem conversar com as representações dos trabalhadores. “Nosso compromisso, portanto, é fazer o diálogo de forma transparente e de boa fé. Vamos procurar dar as respostas em curtíssimo espaço para as demandas apresentadas”, complementou.
A rodada de negociações contou ainda com a participação da representante da Diretoria de Integridade, do responsável pela área do PQV e do diretor de Pessoas, Daniel de Castro Borges.
Fonte: FENAE