COE Santander conquista avanços nas negociações com o banco

A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander se reuniu com a direção do banco na tarde da última terça-feira (16), na sede da instituição, em São Paulo, para discutir temas relacionados à representação sindical, compliance, canal de denúncias, saúde mental, inclusão e mudanças na organização comercial do varejo.

Após cobrança do movimento sindical, o banco apresentou reforços na Gestão de Compliance e no Processo Estruturado de Apuração, que foram anunciados durante a reunião. Entre os principais pontos destacados estão:

Compliance – Conduta Corporativa, responsável pela gestão do canal ético;

Prevenção de Conflito de Interesses, com verificações internas para mitigar riscos entre investigador e denunciado;

Protocolo de Investigações, com diretrizes rigorosas para denúncias comportamentais graves, como assédio, assegurando a escuta do denunciante, do denunciado e de testemunhas;

Quality Check (Controle de Qualidade), realizado após a conclusão das apurações, para garantir proporcionalidade e ausência de favorecimento nas medidas disciplinares;

Métricas globais e transparência, com cerca de 50 indicadores trimestrais sobre o Canal Aberto e divulgação de informações em relatórios públicos.

O funcionamento do Canal Aberto Santander foi detalhado por representantes da área de Compliance. A ferramenta é destinada ao acolhimento de denúncias e à promoção do comportamento Speak Up (Falo Abertamente).

Entre os registros do canal estão denúncias relacionadas a assédio moral ou sexual, discriminação, corrupção, fraude interna, conflitos de interesse, violação de normas trabalhistas, segurança da informação, lavagem de dinheiro, entre outros temas.

O Canal Aberto funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, por telefone gratuito e pela intranet, e também recebe denúncias encaminhadas pelo sindicato. O denunciante pode acompanhar o andamento do caso por meio de senha exclusiva, com garantia de anonimato.

Durante a reunião os representantes dos bancários reforçaram o pedido de proteção aos denunciantes. Para essa questão, o banco apresentou a política de tolerância zero à retaliação, que proíbe qualquer forma de discriminação ou tratamento injusto contra quem denuncia de boa-fé. E reforçaram que situações de retaliação podem resultar na aplicação de medidas disciplinares.

Patrícia Bassanin representou a Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Feeb SP/MS), e pontuou que o acompanhamento permanente dessas ferramentas é fundamental.

“A apresentação do canal de compliance e dos protocolos de apuração é um passo importante. Seguiremos atentos para assegurar que a questão do sigilo seja respeitada, que não haja retaliação e que cada denúncia seja tratada com a devida seriedade e justiça que o trabalhador merece”, destacou Patrícia.

Saúde mental

Questões relacionadas à saúde mental do funcionário também obtiveram avanços. A área de Pessoas, Cultura e Ouvidoria apresentou as ações de saúde mental e bem-estar previstas para 2025, entre elas, isenções de coparticipação para exames preventivos, a Semana de Saúde Mental, o Family Day e campanhas como Outubro Rosa e Novembro Azul.

Na atenção primária, o banco citou programas de psicoeducação de líderes, com mais de 2,6 mil gestores treinados em segurança psicológica, além da realização de mais de 35 rodas de conversa sobre saúde e bem-estar em 2025.

Na atenção secundária, o Atendimento Médico Integrado (AMI) já atendeu mais de 1.200 pessoas neste ano, com NPS de 4,8, além do apoio psicológico do PAPE, que registrou mais de 12 mil atendimentos em 2025. Já na atenção terciária, o programa Retorne Bem, criado em 2014, apresentou taxa de sucesso de 82% nos últimos cinco anos.

O Santander também apresentou o plano de implementação das exigências relacionadas ao Risco Psicossocial, conforme a NR-1, com etapas que incluem análise de risco, planos de ação individualizados e documentação legal obrigatória a partir de maio de 2026.

Inclusão

A inclusão de trabalhadores com deficiência e neurodivergentes foi mais um ponto debatido na mesa, tema que sempre esteve entre as principais pautas defendidas pelo movimento sindical nas negociações com o banco. As entidades reforçaram a importância de políticas permanentes que garantam acolhimento, adaptação no ambiente de trabalho e acesso efetivo à saúde, sem ônus aos trabalhadores.

Durante o debate, o banco apresentou informações sobre o Programa do Seu Jeito, voltado ao acompanhamento de trabalhadores com deficiência, e relatou medidas relacionadas ao apoio em saúde e segurança do trabalho. Em relação aos trabalhadores neurodivergentes, foram mencionadas ações ligadas à coparticipação do plano de saúde e ao acesso a exames preventivos.

A representação sindical destacou que seguirá acompanhando a aplicação dessas iniciativas, cobrando transparência, ampliação dos direitos e efetividade das políticas de inclusão no dia a dia das unidades.

Defesa ao trabalhador

Durante a apresentação sobre a reestruturação do varejo do Santander, o movimento sindical cobrou esclarecimentos sobre os impactos das mudanças na organização comercial, especialmente em relação às condições de trabalho, funções e gestão das equipes. O banco informou que a nova estrutura envolve alterações na organização das redes, na liderança e na segmentação de clientes, incluindo mudanças nos segmentos PJ e Select.

A representação dos trabalhadores questionou o cronograma e os possíveis reflexos no cotidiano das agências e áreas comerciais. Segundo o Santander, as alterações não trariam impactos diretos aos bancários, com implementação prevista a partir de dezembro e ajustes nos sistemas ao longo de janeiro de 2026 — ponto que seguirá sendo acompanhado pelas entidades sindicais.

Ficou acordada a realização de novas mesas de negociação para aprofundar temas sensíveis à categoria, como Diversidade e Segurança Bancária, marcada para 28 de janeiro de 2026, além de uma reunião específica sobre a NR-1, agendada para 25 de fevereiro.

Fonte: Federação dos Bancários de SP e MS