Justiça manda Caixa indenizar funcionário que Guimarães obrigou a comer pimenta
Episódio ocorreu em um jantar de trabalho em que Guimarães mandou funcionários comerem uma bacia de pimentas vermelhas amassadas, em um dos polêmicos testes de resistência que ele gostava de aplicar em eventos corporativos.
A Justiça do Trabalho condenou a Caixa Econômica Federal a pagar R$ 20 mil de indenização por danos morais a um funcionário do banco por causa de um ato de Pedro Guimarães, ex-presidente da instituição que pediu demissão após virem à tona diversas denúncias de assédio sexual e moral contr servidores, em especial mulheres.
O escândalo foi revelado pelo site Metrópoles, que nesta quinta-feira (20) também publicou reportagem sobre a condenação. No caso em questão, o funcionário do banco, que trabalha no estado do Amazonas, decidiu ir à Justiça em razão de um episódio pelo qual passou em outubro de 2020. A ação foi ajuizada em julho, após outros casos serem revelados pela imprensa.
Na denúncia feita ao Ministério Público do Trabalho (MPT), o funcionário contou ter sido humilhado publicamente por Pedro Guimarães durante uma viagem oficial ao município de Manacapuru, a 98 km de Manaus, para um evento do programa Caixa Mais Brasil, o mesmo que é mencionado em várias das denúncias de assédio contra o banqueiro.
Ainda segundo o relato, durante um jantar para reconhecer os bons funcionários do banco na região, Guimarães quis que eles comessem uma bacia de pimentas vermelhas amassadas – era, teoricamente, mais um dos polêmicos testes de resistência que ele gostava de aplicar em eventos corporativos para medir o grau de resiliência dos empregados.
A pimenta foi servida pelo próprio Guimarães, com uma concha. Para tornar o “desafio” menos picante, o funcionário pingou algumas gotas de limão sobre a porção que lhe foi oferecida. Neste momento, ouviu comentários homofóbicos do então presidente da Caixa, que o teria chamado de “bambi”, “são paulino”, e teria dito que a mesa dos “frescos” era do outro lado.
Motivado pela repercussão das denúncias publicadas pelo Metrópoles, o funcionário pediu uma indenização. O juiz do caso entendeu que não se tratou de assédio moral, porque aquele mesmo empregado foi vítima da atitude de Guimarães uma única vez, mas condenou o banco dar a ele R$ 20 mil a título de danos morais.
O juiz entendeu que o comportamento de Guimarães não está de acordo com o de um alto funcionário e afirma que ele constrangeu seus subordinados, os expôs a situação vexatória e ofendeu o “direito de personalidade” do autor da ação. No decorrer do processo, a própria Caixa admitiu que o comportamento do então presidente foi inapropriado.
Recentemente, o Ministério Público do Trabalho ajuizou uma ação civil pública na qual pede que o banco pague R$ 305 milhões pelos episódios de assédio sexual e moral contra funcionárias e funcionários. A ação decorre de uma apuração iniciada a partir das reportagens da coluna. Do próprio Guimarães, o MP cobra R$ 3 milhões. O processo ainda está em tramitação. Há, ainda, uma investigação criminal em andamento no Ministério Público Federal.
Fonte: Federação dos Bancários do Paraná com O Tempo