VIII Congresso da Federação dos Bancários de SP e MS elege nova diretoria executiva e fortalece defesa da categoria
A Federação dos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Feeb SP/MS) realizou na última quarta (13) e quinta-feira (14), o seu VIII Congresso Interestadual. O encontro contou com a participação de mais de 140 delegados dos sindicatos filiados à entidade. Também marcaram presença e contribuíram com os debates o diretor de políticas e relações trabalhistas e sindicais da Federação Nacional dos Bancos, Adauto de Oliveira, o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, o economista, Sérgio Mendonça e o político Roberto Freire.
O encontro foi conduzido pelo presidente David Zaia e teve como eixo central os desafios e as perspectivas do futuro da categoria, diante de desafios como a polarização na política, aceleração do avanço tecnológico, o combate às fake news e às desigualdades econômicas e sociais.
“Reafirmamos nosso compromisso de lutar pelo Estado Democrático de Direito: em defesa das instituições, dos direitos humanos e políticos; da liberdade de pensamento, expressão, opinião e organização, e também em defesa de mecanismos que assegurem a distribuição de renda ao conjunto dos trabalhadores, da diversidade, da tolerância, da civilidade, do meio ambiente e de uma sociedade mais inclusiva e igualitária”, defende Zaia.
O encontro resultou na aprovação por unanimidade da propositiva apresentada, que reafirma a posição da entidade contra políticas antidemocráticas que promovem a desigualdade, a miséria, o autoritarismo e o obscurantismo. O documento fortalece a luta permanente frente à mobilização contra os ataques aos direitos e à organização dos trabalhadores.
“Foram dois dias de muito debate e reflexões que contribuem com o fortalecimento das pautas em defesa da categoria e na organização dos nossos sindicatos para as negociações futuras e o protagonismo político”, diz David Zaia.
Mundo do trabalho
A aceleração das mudanças no mundo do trabalho foi uma das provocações levantadas pelo Congresso Interestadual. As novas tecnologias, a chamada 4ª revolução industrial, a inteligência artificial, a robotização e inúmeras outras ferramentas disponíveis, que tem mudado literalmente o dia a dia dos locais de trabalho foram amplamente discutidas. Como exemplo, o encontro destacou o trabalho remoto, que proporciona a produção sem sair de casa, as reuniões à distância, e as oportunidade e desafios que o momento traz, entre eles, a necessidade de regularização das novas relações de trabalho. “Nosso Congresso poderia ser virtual, com cada delegado no seu sindicato ou na sua casa. Tudo isso oferece oportunidades e ao mesmo tempo desafios. As leis e as normas que até hoje eram suficientes para organizar a produção e a relação capital trabalho, já não dão mais conta. O desafio, portanto, é continuar sendo inovador e garantir que, através de novas legislações e de acordos coletivos, se possa regular estas novas relações de trabalho, com uma jornada adequada, salários dignos e condições de trabalho saudáveis”, destaca o presidente, que reafirma o compromisso do movimento sindical em ser protagonista nas negociações e na defesa dos trabalhadores.
Representação dos Trabalhadores
Por fim, o Congresso reforçou a importância da representatividade e de um modelo de estrutura que responda a realidade do momento atual e futuro.
A propositura aprovada destaca conquistas históricas da categoria, entre elas, a jornada de trabalho de seis horas, conquistada em 1933; o sábado livre em 1962; o vale-refeição em 1990; a PLR em 1995; a 13ª cesta alimentação em 2007; assim como a atual Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), que impacta diretamente na vida de 450 mil famílias, com desdobramentos sociais e econômicos que se estendem por todo o País.
A proposta da entidade reforça a necessidade de resgatar o resultado de uma estratégia acertada do Comando Nacional dos Bancários, do qual a FEEB SP-MS faz parte, a exemplo, a última Campanha Salarial, que diante de um quadro político indefinido, obteve a conquista da manutenção da validade da CCT por dois anos, com reposição da inflação e aumento real. “Dentre os impactos da nossa negociação é importante ressaltar que, somente o valor adicionado à economia brasileira com a ampliação dos ganhos dos bancários, somou cerca de R$ 59 bilhões nos dois anos de vigência do acordo, sendo de setembro de 2022 a agosto de 2024. Com essa experiência única no Brasil, devemos ser protagonistas na luta por um novo modelo de representação dos trabalhadores”, impulsionou Zaia.
Ações gerais relativas à sociedade e às políticas públicas aprovadas:
Intervir junto aos poderes Executivo e Legislativo para que o Brasil volte a ser signatário da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que proíbe a demissão imotivada. Essa norma foi ratificada pelo Brasil em 1992, durante o governo Itamar Franco, e entrou em vigor em abril de 1996. Em novembro do mesmo ano, após denúncia à OIT, a Convenção deixou de ser aplicada a partir de 1997.
Assegurar a autonomia sindical, aumentando a representatividade das entidades, garantindo ampla sindicalização e aumento dos filiados. Ampliação da democracia nas entidades com ampla participação da base nos posicionamentos e decisões.
Lutar por um sistema pleno de seguridade social, que garanta a proteção mínima dos trabalhadores e cidadãos contra os riscos sociais.
Por uma previdência pública, universal e única para todos os brasileiros.
Fortalecimento da previdência complementar.
Lutar pela plena efetividade e fortalecimento das políticas do SUS.
Construir uma reforma tributária progressiva. E mais: taxar lucros e dividendos de pessoas físicas. Em outros termos, desconstruir a cultura que vilaniza o imposto e discuta a qualidade do gasto público.
Lutar pela política de valorização do salário mínimo.
Lutar pela diminuição das jornadas de trabalho, sem a redução de salários e direitos, como forma de diminuir a exploração dos trabalhadores e aumentar a geração de empregos.
Ações Relativas a Defesa dos Interesses da Categoria aprovadas:
- Construir a unificação das lutas das categorias que têm data-base no mesmo período dos bancários, financiários e cooperavitários. Essa construção exige diálogo com todas as centrais sindicais.
- Construir a representação única de todos os trabalhadores do ramo financeiro (bancários, financiários, cooperavitários, securitários, promotores de venda, dentre outros).
- Valorizar a participação da categoria nos movimentos sociais, reafirmando o posicionamento democrático e pluralista da Federação dos Bancários de SP e MS, que reconhece e respeita as diferenças políticas, ideológicas e culturais.
- Defender a mesa única (nacional) de negociação com a Fenaban, Fenacrefi (financeiras) e cooperativas para renovar a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e acordos específicos por bancos (públicos e privados).
- Defender a regulação das novas tecnologias nos serviços bancários, com prevalência, protagonismo do trabalho humano.
- Ampliar a discussão com os bancos sobre as metas estabelecidas, razão de grandes problemas de saúde dos bancários.
- Contratação para todos os trabalhadores das empresas que prestam serviços bancários.
- Participar das Redes Sindicais dos Bancos Internacionais (Santander, Itaú e Banco do Brasil), visando a construção e assinatura de Acordo Marco Global, que garanta direitos fundamentais para os trabalhadores em todos os países onde os bancos atuam. O acordo proposto prevê que as partes assumam compromisso, com base na legislação de cada país, em analisar e considerar questões relativas ao combate de problemas de saúde derivados de atividade laboral, desenvolver políticas que evitem assédio moral e sexual no local de trabalho, assim como discriminação, garantindo igualdade de oportunidades, independente de etnia, religião, opinião política, gênero ou orientação sexual.
- Luta contínua contra discriminação, que tem resultado em diferenças de remuneração e no oferecimento de oportunidades desiguais.
- A saúde do trabalhador do ramo financeiro é cada vez mais afetada em decorrência da busca incessante do aumento de produtividade, ou de outra forma de lucro, que resultam em estresse, depressão etc. A implantação de programas de prevenção, de reabilitação ocupacional e orientação à saúde deve ser buscada para que os trabalhadores possam ter condições de vida mais saudáveis.
- Em função da particularidade das reivindicações da categoria é necessário implementar a Organizações por Local de Trabalho (OLT), para garantir maior efetividade das ações. As comissões de empresa e os delegados sindicais são figuras muito importantes para o fortalecimento das lutas e mobilizações dos trabalhadores, a partir dos locais de trabalho, propiciando também uma aproximação maior com as entidades de representação. A figura do delegado sindical é hoje realidade nos bancos públicos: Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
- Criar novos meios de comunicação com os bancários. Utilizar todos os dispositivos proporcionados pelas novas tecnologias, interagindo com a categoria via rede e mídia social virtual, plataformas de compartilhamento e aplicativos.
Processo eleitoral
A programação do Congresso Interestadual incluiu a eleição, em processo único, da Diretoria Executiva da Feeb SP/MS, do Conselho Fiscal, de Delegados e Representantes e Suplentes junto à CONTEC. O processo eleitoral consistiu em chapa única eleita por unanimidade por delegadas e delegados presentes. A posse da diretoria eleita para o quadriênio 2020/2024 está prevista para o dia 8 de abril.
“Formamos uma entidade democrática e ampliamos a participação dos sindicatos e seus dirigentes nas tomadas de decisão, construímos a nossa história até aqui. Reafirmamos nosso compromisso de defesa dos interesses dos bancários, da democracia e de um país mais justo para todos”, conclui o presidente reeleito David Zaia.
O vice-presidente do sindicato Osório Carbone foi eleito para o cargo de Secretário de Imprensa, Divulgação e Eventos. Já o secretário-geral da entidade, Adenílson Guiraldelli, ocupará a suplência dos delegados representantes junto à CONTEC. Além dos dois diretores eleitos, o presidente do sindicato Edson Santos também participou do Congresso, acompanhado de demais membros da diretoria.
Com informações da Federação dos Bancários de SP e MS