O uso dos fundos de pensão pelo governo para financiar obras de infraestrutura
Os participantes dos fundos de pensão de empresas estatais não reagiram bem à ideia do governo Lula de usar recursos desses fundos para financiar obras de infraestrutura, em especial nos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como já aconteceu em gestões anteriores do Partido dos Trabalhadores.
Receosos de uma intervenção política nos recursos dos fundos, foi lançado um manifesto digital criticando a iniciativa do governo, pois no passado alguns fundos tiveram enormes prejuízos, ocasionando déficits que precisaram ser equacionados pelos participantes. No manifesto, os participantes criticam a iniciativa do governo e defendem investimentos que não comprometam a renda na complementação das suas aposentadorias.
Os organizadores do manifesto, que circulou no grupo FUNDOS DE PENSÃO UNIDOS do Telegram e Whatsapp e foi compartilhado nas redes sociais de associações independentes de segurados, informaram que houve a adesão de quase 25 mil participantes dos fundos de pensão, entre ativos e aposentados, da Previ, Petros, Funcef e Postalis. No final do ano passado, o patrimônio desses fundos era de R$ 510 bilhões e 630 mil participantes, segundo dados da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar).
O manifesto enfatiza que os recursos dos fundos de pensão são privados e destinam-se exclusivamente ao pagamento de benefícios de aposentadoria complementar e que não serão admitidas ingerências nesses recursos.
Os destinatários do manifesto foram o presidente Lula, o ministro da Fazenda Fernando Haddad e os presidentes do Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC), da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), do Tribunal de Contas da União (TCU), da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Conselho Monetário Nacional (CMN).
Um exemplo da má gestão dos recursos dos fundos de pensão foi o caso da Sete Brasil, empresa que forneceria navios-sonda para a exploração do pré-sal. A empresa entrou com pedido de falência na justiça e esteve envolvida nos desvios da Petrobrás investigados pela Lava Jato.
OLHO VIVO
Os sindicatos e as entidades de representação dos funcionários das empresas estatais estão acompanhando com bastante atenção a movimentação do governo e estarão prontos para agir para defender os interesses e direitos dos participantes dos fundos de pensão.
Depois de décadas contribuindo para o fundo, para gozar de uma aposentadoria mais tranquila no futuro, o participante não deve arcar com os prejuízos que um mau investimento possa trazer e comprometer assim a sua renda conquistada por anos a fio de trabalho.