Campanha salarial 2020: Banco do Brasil frustra e propõe retirada de direitos

Na negociação que aconteceu na manhã desta segunda-feira (17/08) entre a CONTEC e o Banco do Brasil, o banco surpreendeu os funcionários com a proposta de retirada de direitos que já constam no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) há bastante tempo.

Logo no início da reunião o BB propôs alterações nas regras das faltas abonadas. Segundo a empresa, a partir do novo acordo não seria mais permitida a conversão das abonadas em espécie e nem acumulá-las, ou seja, teriam que ser gozadas no período de um ano, que é a vigência do ACT. A CONTEC de imediato rechaçou a mudança, manifestando sua discordância com a proposta, alegando que diante da dificuldade do funcionário em entrar em acordo com seu gestor para utilizar o benefício, muitos poderiam não denunciar e ao final do prazo perder o seu direito. As abonadas já acumuladas permaneceriam na antiga regra. As discussões sobre esta questão não se encerraram e ainda retornarão à mesa de negociações.

Tão ruim quanto as alterações nas faltas abonadas foi a proposta do banco em diminuir de três para um ciclo de avaliação insatisfatória na GDP como requisito para descomissionamento. A CONTEC também não concordou com esta alteração na cláusula e argumentou que em virtude da pandemia, mais do nunca os funcionários precisam de tranquilidade para desempenhar suas funções, pois a economia passa por uma grave crise e os negócios foram bastante impactados. Além do mais, o banco deve considerar que outros fatores externos podem influenciar no desempenho profissional e que seis meses não são suficientes para o aperfeiçoamento de eventuais deficiências. Este assunto também voltará a ser discutido em reuniões futuras.

Além da retirada de benefícios, o Banco do Brasil negou a reivindicação de contratar mais funcionários para suprir a falta de mão de obra nos locais de trabalho e também para voltar a realizar as homologações nos sindicatos. Segundo o banco, a lei faculta a realização das homologações nas agências, não impedindo a participação dos sindicatos no processo.

Duas reivindicações também fizeram parte do rol de negações do banco. O BB não abre mão da prerrogativa de negociar individualmente com o funcionário caso assim o queira, já que a legislação assim o permite e também não aceita clausular a aplicação do ACT para todos os funcionários, pois a lei também permite que as empresas negociem termos do acordo individualmente, dependendo do grau de escolaridade e da faixa salarial do empregado.

O Banco do Brasil também apresentou duas propostas na mesa de negociações. Quer incluir no sistema de ponto eletrônico os funcionários cedidos para quatro empresas coligadas: BB DTVM, BB Seguridade, BB Consórcios e Fundação Banco do Brasil. O banco propõe também para os funcionários com jornada de seis horas a possibilidade da realização do intervalo de até trinta minutos com o devido registro no ponto eletrônico. A CONTEC vai avaliar internamente estas propostas do banco e dar uma resposta nos próximos encontros.

O Banco do Brasil concordou em renovar as seguintes cláusulas:

– Ausências autorizadas;

– Folgas (A única alteração proposta é ampliar o prazo para gozar as folgas da Justiça Eleitoral para 180 dias);

– Férias proporcionais;

– Gestão da Ética;

– Equidade de gênero;

– Monitoramento de resultados;

– Negociação permanente e solução de divergências (A CONTEC ponderou que as reuniões necessitam ocorrer numa frequência maior ao longo do ano).

A reunião trouxe bastante frustração para os funcionários, pois além de negar reivindicações importantes, o Banco do Brasil acenou para a retirada de direitos, o que caracteriza um grande retrocesso nas relações da empresa com seus milhares de funcionários.

A próxima reunião ainda será agendada em virtude da realização de três negociações nesta semana na mesa da Fenaban.