Conferência interestadual dos bancários conta com a participação de 23 delegações regionais
Começou ontem (26/11) e termina hoje (27) a Conferência Interestadual dos Bancários de 2022. O evento, promovido pela Federação dos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, é realizado na modalidade presencial no município de São José do Rio Preto. No primeiro dia foram registradas as presenças de 23 delegações regionais, entre elas, Campinas, Piracicaba, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Sorocaba, Franca e Três Lagoas.
O objetivo da Conferência Interestadual é eleger delegações que representarão a Federação na Conferência Nacional dos Bancários, prevista para os dias 10, 11 e 12 de junho, e as pautas que nortearão os debates nacionais.
Encontros Regionais
O primeiro dia de evento foi dividido em dois momentos. No período da manhã, ocorreram os Encontros Regionais de Bancos Públicos e Privados. As delegações foram divididas por representações do Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander. Os encontros resultaram na elaboração de pautas da categoria, específicas por banco e definição de estratégia de luta para a Conferência Nacional. Os relatórios serão votados hoje e seguirão para os debates nacionais.
Dentre os principais pontos dos debates estão defesa pelo aumento da contratação, pelo banco público, por melhoria da saúde e das condições de trabalho, dentre outras. “Temos presenciado o adoecimento de muitos bancários com a grande pressão por cumprimento de metas e questões como saúde e condições de trabalho ocupam a nossa principal defesa”, enfatiza Lourival Rodrigues, representante da Federação.
Conferência Interestadual
A abertura oficial da Conferência Interestadual ocorreu no período da tarde com a presença do presidente da Federação David Zaia e do vice-presidente da Contec e presidente do Sindicato dos Bancários de Franca, Edson Roberto dos Santos. Também saudou o evento, a presidente da Contraf-CUT, Juvandia Moreira Leite, por meio de um vídeo dirigido aos participantes.
“Além da questão da inflação, o problema maior hoje é o da representação dos trabalhadores do ramo financeiro, fazer um incentivo geral com relação aos planos de previdência e às condições de trabalho, item bastante agravado pela crise, Estes devem ser os três principais temas da Campanha Nacional”, diz Ana Stela Alves Lima, presidente do Sindicato dos Bancários de Campinas e representante do Comando Nacional no evento.
As delegações presentes no evento foram representadas por 95 homens e 25 mulheres. “Ainda somos a minoria e isso precisa ser revisto. Temos que levar essa discussão ao âmbito nacional. Temos mulheres exercendo importantes papeis, mas ainda pouco representadas nas diferentes frentes de trabalho. Na categoria bancária somos 49% e a minoria a exercer cargos de liderança”, disse Thelma Canisso, presidente do Sindicato dos Bancários de Três Lagoas, que representou as mulheres no evento.
José Antônio Paiva, presidente do Sindicato dos Bancários de Piracicaba representou as bases sindicais e destacou a importância do evento. “Hoje é um dia especial. Essa Conferência dá um tom significativo para o futuro. É um orgulho dividir a conquista de manter o movimento sindical firme e disposto a ter mais uma grande vitória em 2022”, ressaltou.
Palestras
A programação seguiu com a apresentação realizada pela economista e técnica do Departamento Intersindical de Estatísticas – DIEESE, Vivian Machado, que apresentou o “Balanço dos Bancos, PLR Mercantil e Mapeamento dos trabalhadores e trabalhadoras do Ramo Financeiro”.
O painel apresentou o crescimento dos lucros dos maiores bancos do país, com exceção da Caixa e destaque para a alta no resultado do Banco do Brasil. “Os lucros dos cinco bancos somaram R$ 27,6 bilhões, com alta média de 15,4% em doze meses. Os ativos dos cinco bancos somaram R$ 8,3 trilhões, com alta média de 4,5% em doze meses. Já as carteiras de crédito dos cinco bancos somaram R$ 4,2 trilhões, com alta média de 13,5% em doze meses”, destaca a economista. O aumento da procura pelo crédito rotativo e da inadimplência também foram destacados. De acordo com o Banco Central, a procura pelo rotativo do cartão de crédito em 2021 é a maior em dez anos. “Mais de 77% das famílias brasileiras estão endividadas, o recorde da série, 28,6% das famílias tem contas em atraso e 10,9% não terão condições de pagar suas dívidas”, aponta o Dieese.
Na sequência, o presidente David Zaia palestrou sobre as “Conjunturas Econômica e Política” e defendeu bandeiras como o aumento do salário mínimo e melhorias das condições de renda do trabalhador. “Melhorar a condição de renda do trabalhador é um desafio permanente com o qual temos que estar atentos. É pauta fundamental do ponto de vista econômico e enquanto movimento sindical temos que continuar a luta, pensar na sociedade e trabalhar para que o país volte a crescer. É essa dimensão que temos que ter. Olhar sempre para a classe trabalhadora, bastante diversificada e heterogênea.
Zaia ressaltou ainda a alta dos juros como resultado do impacto da inflação na economia.
“Seguimos os últimos anos acompanhados por uma recessão na economia brasileira. Antes mesmo da pandemia, o país demonstrava queda em seu crescimento e atualmente, a previsão é a de que chegaremos ao final do ano com uma taxa de juros de 13,5%. Geralmente, a taxa de juros elevada representa um aquecimento da economia, acompanhado por geração de empregos. No entanto, o que vemos é a inflação comprometendo a renda dos trabalhadores”, pontua.
Fonte: Federação dos Bancários de SP e MS