Lucro ajustado do Banco do Brasil tem queda de 22% e fecha 2020 em R$ 13,8 bilhões

O Banco do Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,695 bilhões no quarto trimestre de 2020, uma queda de 20,1% na comparação com o mesmo intervalo de 2019. Comparado ao terceiro trimestre, houve uma alta de 6,1% no lucro.

Enquanto isso, o lucro ajustado anual do banco estatal recuou 22,2%, passando de R$ 17,848 bilhões para R$ 13,884 bilhões.

Já a receita de prestação de serviços do BB encerrou o período entre outubro e dezembro em R$ 7,389 bilhões, um leve recuo de 1,6% ante os R$ 7,508 bilhões de um ano antes. Em 2020, a receita caiu 1,7%, para R$ 28,702 bilhões.

Já o crescimento verificado em comparação ao terceiro trimestre está relacionado à redução de 6,3% das provisões no conceito ampliado, à expansão de 1,5% nas receitas com prestação de serviços, ao avanço de 1,1% na margem financeira bruta.

Segundo o banco, a piora na comparação anual é explicada principalmente pelo aumento das provisões para créditos de liquidação duvidosa, no conceito ampliado, que cresceram 47,6% no quarto trimestre ante igual período de 2019, influenciadas pela antecipação de provisões prudenciais, que somaram R$ 8,1 bilhões.

A Carteira de Crédito Ampliada, por sua vez, fechou dezembro em R$ 742,0 bilhões, um crescimento de 1,5% na comparação com o resultado no fim do terceiro trimestre, com destaque para as operações com o varejo e o agronegócio, de acordo com o BB.

A carteira Pessoa Física cresceu 3,0%, melhora que, segundo o banco, se deu principalmente devido à performance positiva no crédito consignado (+4,0%) e no cartão de crédito (+15,9%).

A rentabilidade sobre o patrimônio líquido, refletida no indicador RSPL, atingiu 12,1% no último trimestre do ano passado contra 12% nos três meses anteriores. No ano, foi a 12% ante 17,3% em 2019. A pandemia dificultou ainda mais a batalha do BB para fechar a distância de retorno existente perante seus pares privados. Com o reforço no colchão para perdas, a rentabilidade foi prejudicada.

O último trimestre do ano passado marca o primeiro ‘completo’ sob a gestão de André Brandão, que assumiu a presidência do BB no fim de setembro, no lugar da economista Rubem Novaes. Ele desembarcou no banco, vindo do HSBC, com o desafio de destravar uma agenda de desinvestimentos, atropelada em meio à pandemia, e preparar a instituição para a arena digital que se transformou o sistema financeiro, em um mundo mais digital e eficiente.

Sem tempo a perder e com o DNA de banco de investimento, fez a primeira ‘entrega’ ainda no fim do ano passado. Na época, emplacou a extinção da primeira estatal do BB, a Bescval, incorporada à instituição em 2008, junto com a aquisição do Banco de Santa Catarina. Essa semana, o banco anunciou o desinvestimento da fatia que detinha na Kepler Weber, empresa de soluções para armazenagem agrícola.

Com o prazo curto, o mercado aguarda uma tração na venda de ativos ao longo de 2021. Neste semestre, o plano é listar a bandeira de cartões Elo e o BV, antigo banco Votorantim, na bolsa, e ainda selar uma parceria internacional com a sua gestora, a BB DTVM. Outra promessa é deslanchar a sociedade com o UBS na área de banco de investimento, mercado aquecido a despeito da pandemia.

Em paralelo, o BB foi além nos planos de ser mais eficiente, seguindo os pares privados, que vêm se debruçado no tema nos últimos anos frente à concorrência crescente e a queda dos juros no País. Nesse sentido, anunciou um plano de reestruturação que envolve fechar 112 agências e cortar 5 mil funcionários por meio de programas de demissão voluntária. As ações desagradaram o presidente Jair Bolsonaro, que pediu a cabeça de Brandão, que conseguiu permanecer no cargo e seguir com o plano de eficiência, bem recebido pelo mercado.

O plano de fechar agências em 2021 será tocado após o banco ir na contramão do mercado em 2020 e encerrar o ano com abertura de unidades. Apesar de ter fechado duas no quarto trimestre, terminou o ano com 12 novas agências.

Ao fim de 2020, o BB somava R$ 1,725 trilhão em ativos totais, elevação de 16,5% ante um ano antes. No trimestre, contudo, foi vista queda de 2,5%. Seu patrimônio líquido foi a R$ 126,971 bilhões ao fim de dezembro, 17% maio do que o nível de um ano antes. Em relação aos três meses anteriores, cresceu 3,8%.

Fonte: InfoMoney com Agência Estado