Combate ao assédio sexual foi o principal tema discutido com a Fenaban na negociação desta quarta-feira (6)

O Comando Nacional dos Bancários se reuniu nesta quarta-feira (6) com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para a terceira rodada de negociação da Campanha Nacional 2022 da categoria. O tema da mesa foi Igualdade de Oportunidades, com o foco no combate ao assédio sexual. O assunto ganhou força após as denúncias de assédio sexual no sistema financeiro. “Temos acompanhado a repercussão dos casos denunciados e avançado em ações que colocam o movimento sindical à disposição das vítimas”, explica Reginaldo Breda, secretário geral e representante da Federação dos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul na mesa de negociação.

Durante a negociação desta quarta-feira, representantes lembraram que a categoria é referência no combate ao assédio sexual.  “As vítimas devem ser protegidas e acolhidas e quem compactua ou comete esse tipo de crime deve ser punido”, destaca.

O comando apresentou, sem citar o nome de vítimas, vários casos de assédio relatados aos sindicatos. Em muitos deles, os assediadores foram protegidos pelos superiores e as vítimas, caladas ou até punidas com transferências.

Pesquisa

Levantamento feito pelo Think Eva e pelo Linkedin, chamado “Assédio no contexto do mundo corporativo”, no início de 2020, aponta que ao menos 47,12% das participantes que responderam à pesquisa afirmaram ter sido vítima de assédio sexual em algum momento. Para os bancários o tema deve ser tratado com rigidez tendo em vista que o Brasil registra um caso de assédio a cada 10 minutos e um caso de feminicídio a cada sete horas.

A pesquisa da Think Eva/Linkedin apontou ainda que 78% das vítimas de assédio se sentem constrangidas em denunciar os abusos, por entenderem que há impunidade.

Proposta do Comando

Pela proposta do Comando, as empresas deverão se dedicar: (1) à divulgação de cartilhas para o combate ao assédio sexual, promovendo a formação do quadro sobre o tema e fornecendo mecanismos de apuração a todas as denúncias de abusos contra funcionárias e funcionários; (2) ao acolhimento das denúncias e apuração bipartite, banco e sindicato; (3) à proteção e assistência às vítimas, com período de estabilidade e transferência, quando necessário, para a garantia do bem-estar da vítima; (4) e à punição rígida dos culpados.

Caberá à empresa coibir situações constrangedoras, humilhantes, vexatórias e discriminatórias, promovidas por superior hierárquico ou qualquer outro empregado no ambiente de trabalho. Em casos denunciados e reconhecidos pela empresa, todas as despesas médicas deverão ser reembolsadas ao empregado pelo banco.

O movimento ressaltou ainda que o debate da igualdade de oportunidades vai além de um debate interno da categoria e passa a ser um debate civilizatório. “Estamos entre as categorias mais organizadas do país e devemos ser exemplos ao cobrar e fazer valer medidas mais efetivas para combater todo tipo de assédio, preconceito e violência dentro do sistema financeiro”, pontua.

Em resposta, os bancos garantiram que irão priorizar o tema na negociação deste ano, com o compromisso de avançar no combate ao assédio sexual, em especial com o aperfeiçoamento de ferramentas de prevenção aos abusos no ambiente de trabalho.

Igualdade de oportunidades

O Comando apresentou a exigência da categoria nas ações para eliminar desigualdades no local de trabalho e prevenir distorções atuais, em busca da equidade em todos os segmentos. A entidade também cobrou que seja reafirmado, por parte das empresas, o compromisso de não discriminação, de respeito e da promoção de não discriminação por raça, cor, gênero, idade ou orientação sexual, no trabalho bancário.

Pessoas com deficiência

As demandas da categoria bancária requerem a plena inclusão e integração de trabalhadores e trabalhadoras com deficiência, combate à sua discriminação e a garantia de seu trabalho em condições dignas e com respeito às suas limitações ou recomendações médicas.

Entre as ações necessárias para o cumprimento da cláusula, estão cursos de formação, conhecimento de Libras por pelo menos um funcionário por setor, promoção de acessibilidade universal, subsídio a aquisição de seus equipamentos (cadeiras de roda, muletas, prótese, bengala, óculos, aparelho auditivo, órteses) e a concessão de transporte especial e de financiamento de veículo.

A CONTEC alerta a categoria para a mobilização e união nas bases. O desenrolar desta campanha salarial enfrenta momentos de dificuldade, com a resistência dos patrões em não avançar com as negociações.

O presidente da CONTEC, Lourenço Prado, destacou o descontentamento dos trabalhadores com a falta de reconhecimento pelo desempenho laboral, principalmente com a resistência dos bancos em não acatar a cláusula que trata da remuneração para os casos de deslocamento para obtenção e renovação de certificações.

O negociador da Fenaban, Adauto Duarte, afirmou que os bancos discordam também de outras cláusulas apresentadas, como mais contratações para o setor, proibição da guarda das chaves do cofre e acionamento de alarmes pelos bancários e monitoramento de resultados.

Sem consenso, os quatro temas seguem em debate na mesa de negociação. A próxima negociação com a Fenaban acontece no dia 22/7 (sexta-feira).

O presidente do sindicato, Edson Santos, participou da negociação entre a CONTEC e banqueiros.

Com informações da Federação dos Bancários de SP e MS e da CONTEC